São Paulo acaba de eleger seu quinto governador consecutivo do PSDB. Desde 1994, todos os governadores paulistas foram tucanos. Contudo, nesse período temos duas fases bem diferentes. A primeira cobre os pleitos de 1994 e 1998,
Isso é curioso porque nesse período já se tinha firmado, no âmbito federal, a aliança entre PSDB e PFL (hoje DEM), que começa com Fernando Henrique Cardoso e continua até nossos dias. Ou seja, as famílias políticas federal e estadual eram diferentes. No plano federal, os brasileiros tinham uma oposição entre dois partidos principais: o PT, por um lado, o PSDB apoiado pelo PFL, por outro. Mas, no plano dos Estados, e não apenas
Porém, isso muda justamente desde 2002. Nas três últimas eleições estaduais, o PSDB conseguiu ganhar as eleições com margem maior de votos, com maior tranqüilidade, sendo que em 2006 e 2010 nem tivemos segundo turno. Mas seu antagonista principal deixou de ser a direita, para tornar-se o PT. Nesses casos, o que vemos? Um esvaziamento significativo dos partidos direitistas. O PFL, hoje DEM, e a agremiação malufista, o PP, acabam se tornando partidos secundários, coadjuvantes de uma das forças
O fenômeno importante a salientar
Por um lado, não temos hoje lideranças políticas que utilizem um discurso constante, reiterado, explícito de direita. O eleitor de direita acaba votando muitas vezes em candidatos de centro, como seriam os candidatos tucanos. Contudo, esses próprios candidatos acabam fazendo concessões – talvez mais do que precisariam – à direita. Embora os eleitores direitistas não tenham praticamente alternativa, a não ser votar nos candidatos de centro, esses candidatos retribuem a gentileza, adotando posições mais conservadoras do que sua história passada justifica.
O que se pode lamentar nisso é que nunca foi tão grande a distância entre os dois grandes partidos que lutaram contra a ditadura e que têm maior compromisso social, a ponto de tal distância extrapolar os limites do razoável e ingressar no ódio.
Agora, quais são os desafios principais para o Estado e seu governador? São Paulo tem segmentos que se comparam, em riqueza, com a Europa. Mas há pelo menos três grandes problemas que ameaçam seu futuro. O primeiro é o trânsito, que piora a qualidade da vida e cria um enorme “custo São Paulo”, nos serviços presenciais e no transporte de mercadorias e pessoas. Como a indústria automobilística é muito poderosa, seus produtos poluem e congestionam: atrasam as pessoas, o desenvolvimento, a sustentabilidade. O segundo é a educação que, pública ou privada, é deficiente e também há de atrasar o Estado numa época em que a economia exige, cada vez mais, conhecimento. O terceiro é a pobreza e mesmo a miséria, com seu cortejo de problemas, sociais, econômicos – e éticos. O grave é que – se nestes últimos anos a miséria e a pobreza se reduziram, devido mais a medidas federais do que estaduais – a educação básica, a cargo do Estado e dos municípios, não melhorou e o trânsito só piorou; e não se vê luz no fim do túnel. Nesses problemas se vê em jogo o futuro não só de São Paulo como do Brasil.
(Revista Poder, de Joyce Pascowitch, nov. 2010)
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